
Este texto reúne alguns pontos do artigo que produzi para a conclusão da minha especialização em Fisiologia e Metodologia da Condicionamento Físico no ano de 2004, os dados foram coletados durante uma etapa do Super Surf em Maresias e também entre surfistas no Guarujá com o objetivo de determinar a predisposição à lombalgia em surfistas de competição quando comparados com surfistas recreacionais e analisar os cuidados tomados por estes para a saúde da coluna lombar.
No surfe as principais causas podem estar relacionadas às exigências que a modalidade impõe, repetidamente, na região lombar. A remada representa 50 % de uma sessão de 90 minutos de surfe, somados ao número de joelhinhos que o atleta deve executar e, sendo este um surfista dedicado, poderá realizar de 5 à 8 manobras por onda, surfando, em média, 50 ondas por dia, 6 dias por semana; este surfista realizará ao final do mês entre 6.000 e 9.200 manobras que envolvem a rotação e/ou compressão da coluna lombar, que sobrecarregam constantemente a região.(Steinman,2003).
No presente estudo foi possível constatar que uma maior incidência de dor aconteceu durante a prática com os surfistas de competição (63,2%), já os surfistas de recreação, (46,2%) relataram que a dor ocorreu em outros momentos, que não durante o surfe. Sendo uma associação estatiticamente significativa, o resultado pode estar relacionado com a prática mais freqüente (dias da semana e horas por dia) do surf pelos profissionais estando mais expostos a ocorrência da dor durante a pratica esportiva.
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Através da sobrecarga imposta, o surf leva a um desequilíbrio muscular progressivo da cadeia muscular posterior. Nela os músculos lombares e os posteriores das coxas ficam tensos, encurtados e fracos, enquanto os músculos abdominais, se não forem trabalhados ficam ainda mais fracos e demasiadamente alongados, sendo estes fatores uma das principais causas de lombalgia (Marchand,2002;Steinman,2003).
Sendo assim, a prevenção é um fator importante para preservar-se do desenvolvimento e da manutenção da dor músculo-esquelética, da lesão e da incapacidade crônica (Cailliet,2004).
Os exercícios de força para compensação devem priorizar a musculatura abdominal, glúteo e psoas, lombares. Por sua vez os exercícios de alongamento indicados, devem contemplar os seguintes grupos musculares: posteriores da coxa, músculos psoas, articulação coxo-femural e músculos lombares. Estes se apresentam como a principal modalidade conservadora no tratamento da lombalgia, tanto aguda, crônica ou recorrente com ou sem irradiação para a perna (Marchand,2002;Cailliet,2004).
Desta forma, os exercícios devem objetivar (a) o fortalecimento e/ou aumento a resistência dos músculos espinais ; (b) reduzir a pressão mecânica ao melhorar a ergonomia; (c) corrigir a postura; (d) reduzir ou eliminar definitivamente a dor (Cailliet,2004).
Artigo “Ocorrência de lombalgia em praticantes de surfe: uma comparação entre surfistas de competição e surfistas de recreação”
O que fazer?
Seja na prevenção ou após um periodo de dor aguda(já recuperado), a prática da natação é um ótimo componete, pois além de ser uma ferramenta para o condicionamento aeróbio do surfista é também importante para o alivio da sobrecarga sobre as estruturas articulares por ser realizada na água, o Pilates com o foco na reorganização da postura, controle corporal e mobilidade articular e o Treinamento Funcional para estabelecer a segurança nos movimentos e desenvolver a força, potência, agilidade e equilibrio elevando assim a performance na prática do surf.
Vale comentar que um programa bem elaborado de condicionamento físico somente poderá ser realizado por um profissional de Educação Física capacitado nas modalidades citadas. Tudo isso de preferencia em um programa de treinamento personalizado individual ou em um grupo reduzido.
por Denis Eleutério
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